O uso constante de celulares, tablets e outros dispositivos digitais por crianças tem se tornado um hábito cada vez mais comum — e preocupante. Segundo a especialista Luciana Brites, Mestre e Doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento, a exposição prolongada às telas pode comprometer áreas fundamentais do desenvolvimento infantil, afetando desde o comportamento até a aprendizagem.
Pesquisas recentes apontam que o excesso de telas está associado a dificuldades de atenção, alterações no sono e queda no desempenho escolar. A luz azul emitida pelos dispositivos interfere na produção de melatonina, hormônio essencial para o sono, impactando memória, concentração e regulação emocional. Além disso, o estímulo rápido e contínuo dos conteúdos digitais pode gerar sobrecarga de dopamina, criando ciclos de dependência e reduzindo o interesse por atividades que exigem esforço cognitivo, como leitura, brincadeiras estruturadas e resolução de problemas.
Entre os efeitos observados estão redução da criatividade, menor motivação para atividades off-line, dificuldade de interação social e queda na tolerância ao tédio — elemento essencial para a imaginação e autonomia. Pais e educadores devem ficar atentos a sinais como irritabilidade ao interromper o uso, desinteresse por brincadeiras presenciais, dificuldade de concentração e diminuição da linguagem espontânea. Caso esses indícios persistam, é recomendado reavaliar a rotina digital da criança e buscar orientação de profissionais da saúde ou educação.
A Academia Americana de Pediatria (AAP) orienta que crianças de 0 a 2 anos não façam uso de telas, exceto em chamadas de vídeo. Entre 2 e 5 anos, o limite diário é de até uma hora, com supervisão e conteúdos educativos. Para crianças maiores, especialistas reforçam que o uso deve ser equilibrado com sono de qualidade, atividade física, brincadeiras livres e convivência familiar.
Além do controle digital, práticas simples como desenhar, explorar o ambiente, brincar ao ar livre e desenvolver atividades manuais são fundamentais para estimular o neurodesenvolvimento durante a infância — fase em que o cérebro chega a 95% da sua estrutura formada até os 6 anos.
A especialista reforça que a tecnologia não deve ser tratada como vilã, mas utilizada com responsabilidade e moderação, sempre respeitando a faixa etária e as necessidades individuais de cada criança.
Sobre a especialista:
Luciana Brites é CEO do Instituto NeuroSaber, psicopedagoga, psicomotricista, mestre e doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento pelo Mackenzie, palestrante e autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem. Saiba mais em: https://institutoneurosaber.com.br

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